E se você comprasse o ingresso para o tão esperado show do Racionais Mc's de comemoração dos 25 anos e ao chegar lá, como abertura do show, encontrasse um cara distinto vestindo muitas cores, com o cabelo esvoaçante inspirado em Little Richard, Andre 3000Prince.  e cantando firmemente: "boy quero ser seu man", me diga, qual seria sua reação?

Contraditório com o show principal? Para mim, nem um pouco!
Esse fato aconteceu e no dia 22 de agosto de 2014 um rapper ainda pouco conhecido surpreendeu os conservadores da velha escola e trouxe bem mais que batidas pesadas, trouxe também um flow impecável que já era familiar a quem acompanhou as batalhas de MC's no metrô Santa Cruz na época que Rashid, Projota e Emicida eram só mais um em meio a tantos rimadores, dentre eles Rico Dalasam, que agora com 25 anos de idade, enfim solta a voz e vem com tudo quebrando os tabus que algumas pessoas ergueram envolta do movimento Hip Hop.
Rico causa olhares por onde passa, negro, homossexual, cabeleireiro e dono de uma voz contagiante cansado de todos esses constantes olhares saturados de racismo e preconceito enfim resolveu expor sua arte para o mundo ver, ou melhor, ouvir!
 O primeiro rapper gay (que se tem conhecimento) no Brasil já está dando o que falar, e é exatamente o que ele pretende com toda a sua postura que visa unir o orgulho e aceitação negra com a aceitação sexual, sem que isso o afaste da cultura que o embalou durante a infância e adolescência pelas ruas de Taboão da Serra, e como a maioria dos moradores periféricos, Rico é devoto ao rap político que o cercou desde muito cedo pela inconfundível voz de Mano Brown e o fez ter consciência de sua condição social perante ao mundo, decidiu então estufar o peito e desmascarar a segregação velada dentro e fora do rap. Para ele, todos os preceitos estabelecidos pela cultura Hip Hop e todos os direitos cobrados para o povo periférico deve se estender na amplitude de invadir espaços e estabelecer igualdade em todos os níveis e gêneros:





"O próximo estágio é estar todo o mundo ali no mesmo espaço, casais, todo o mundo convivendo por uma visão maior. O hip-hop é bem mais."



“Quando você é um negro e usa roupa de rap, você é um estereótipo muito normativo. Para as pessoas, está ótimo desse jeito. Alguém pode até te ver beijando um cara numa festa, que tudo bem porque você não é uma bichinha magrela e saltitante no rap. Para elas, ficar velado está ótimo. Mas aqui no bairro todo mundo sabe que desde os 10 anos eu customizo minhas roupas, todo mundo sabe que sou o filho da dona Ana com esse estilo. Só que num show de rap não é assim ainda”, revela.



Mesmo diante do preconceito, Rico Dalasam ouviu Mano Brow o chamar de “ousado” pelo clipe “Aceite-C”, single que defende a diversidade sexual com o refrão “outro não dá pra ser, sem crise, sem chance, uma dica: aceite-c”. Depois, Criolo também viu o vídeo onde o jovem rapper aparece envolto em luzes de neon, roupas de oncinha e poltronas acolchoadas em um estilo gângster norte-americano, e cravou: “este é o cara”.

Rico segue nadando contra a maré e já anuncia que está nos "finalmente" da produção de seu novo disco "Modo Diverso" que já deve estar circulando pela internet no mês que vem.
Rico Dalasam veio para quebrar tudo, e quem ainda acha que não vai ter homossexual no rap é bom ficar ligeiro porque antes que você pense em criticá-lo a música dele já estará balançando todo seu corpo! 
Rico é original e espelho vivo de tudo o que a velha guarda plantou, se a quebrada tem homossexual, negro, branco, pobre, puta, então o rap deve ser o reflexo de cada um que vive e respira Hip Hop como realidade. O conservadorismo é uma máscara para o preconceito e como eu disse, Rico chegou para arrancá-la e finalmente dar cores e até uma nova cara para o rap brasileiro. Vai ter mulher, vai ter gay, vai ter branco no Hip Hop sim!
Muita luz ao Rico, que os passos dele abra um novo caminho para cada mano e cada mina que ainda se sente acoado dentro do movimento. 
Aceite-c e escolha aceitar os outros, é o que há, é o que tem que ser!






fonte: O tempo, Música Uol, Página pessoal e Google.


Deixe um comentário