É automático. É só deitar a cabeça no travesseiro e se enrolar no cobertor, que milhões de coisas passam pela sua cabeça, e quando vê, uma lágrima já escorreu pelo seu rosto.

Se ele soubesse no que eu penso antes de dormir? Não sei, eu nunca contei, e se contei, foi o mínimo. Porque sabe quando a gente é pequena, vê um filme de princesa e depois fica sonhando com o príncipe? Então, é bem assim. Sabe, eu imagino ele cantando pra mim, me abraçando, dizendo que me ama. Eu imagino a gente brigando na frente da familia dele, e os pais dele se aguentando pra não rir e mandar a gente calar a boca. Eu imagino eu chamando ele pra ir pra fora, porque não gosto de brigar na frente dos pais dele, e ele todo louco, já abre a boca pra continuar gritando, como sempre, mas aí eu puxo ele, o abraço, e o dou um beijo, fazendo ele ficar calado por um bom e longo tempo. Eu imagino nós dois tomando sorvete, e sujando um ao outro, imagino nós dois se casando, imagino nosso casamento, em partes, capítulos, paragrafos, com virgulas, pontos de exclamação, mas nunca com um ponto final. Imagino nossa vida inteira, nossas viagens tão sonhadas, noites, dias, madrugadas, sorrisos, lágrimas, imagino ele falando que tudo vai ficar bem, imagino ele nervoso pra saber o sexo do nosso bebê. Mas nessas imaginações de menina de cinco anos, o que sempre me deixa com borboletas no estômago, é a parte que eu estou brava, andando na frente dele na rua, ele fica chamando meu nome, eu não me viro, não respondo, mas continuo andando. Então, ele corre, com aquelas mãos fortes segura meu braço, eu digo que tá machucando. Ele olha pra mim e fala: -“ Não tá machucando mais do que eu te chamar e você não responder. Tudo que eu quero tá nas minhas mãos e é você. Eu não sei viver sem você.” 
E é isso tudo que eu imagino todos os dias antes de dormir.


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